sábado, 24 de maio de 2014

Ações e seu alto risco

Alto Risco


O que é alto risco? Todos ouvimos falar sobre o assunto, mas poucos de fato interessam-se sobre ele. Embora, no fundo todos saibam o que isso significa: chance de perder tudo.

Contudo, minha visão de alto risco não é essa, entendo que um investimento é arriscado demais quando além de perder tudo o que tenho, eu ainda posso ficar endividado. Por este motivo, considero que ações não são um investimento de alto risco, mas com um risco médio-alto, afinal perder tudo é horrível.

E por ser arriscado não devemos investir? Parece-me pela cultura geral no nosso amado Brasil que: sim, não arrisque. A máxima é repetida por todos os lugares, "Não se arrisque! Perderá dinheiro e ficará pobre!"

Durante muitos anos, em especial durante o governo FHC, aplicações de renda fixa tinha rendimentos de duas casas decimais, durante este período glorioso até a poupança rendia algo na faixa de 12% a 15% ao ano (1999 e 1998, respectivamente). Estes rendimentos exacerbados causaram, ao meu ver, uma efeito negativo no país todo: que se ganha dinheiro com juros!

Mas é claro, naquele tempo nossa inflação também era próxima a 8,9% e 1,7% ao ano (1999 e 1998, respectivamente), então percebam que a poupança, considerada como um dos piores investimentos no mercado, tinha rentabilidades reais positivas. É claro, essa farra durou pouco, a partir de 2000 a poupança empatava ou perdia para a inflação. E até 2011, esta modalidade tinha um retorno de 7,5% ao ano. Então, é muito claro ver que o brasileiro desinteressado em finanças conseguia ter uma rendimento decente, não havia por que se interessar em ações. "Empresas quebram, posso perder tudo"

Verdade, mas quantas empresas, excetuando as do grupo X, foram a falência e levarão seus acionistas a bancarrota?
Por que excetuar as empresas do grupo X? Por que elas são um excelente exemplo do motivo que leva as pessoas a não se "arriscarem" e por consequência se afastarem da bolsa. Irei tratar do problema em duas partes:


  • O que é uma ação?
Um pedaço da empresa, no fundo é isso que uma ação é. Podemos separá-las em ordinárias e preferenciais, mas deixarei isso para outro post. A ação representa o capital da empresa dividido em partes iguais, é só isso, por exemplo, se o capital social de uma empresa é de R\$100.000,00 e a empresa de 100.000 ações, cada ação custa R\$1,00. Mas esta conta só é válida se estamos falando de uma Sociedade Anônima de Capital Fechado, ou seja, que não tem ações na bolsa.
Se a empresa possuir ações na bolsa, serão os agentes de compra e venda que irão estipular seu preço, segundo a segundo durante o pregão...
  • Bolsa não é loteria!
As negociações feitas podem ser entendidas como movimentos caóticos no curto prazo (dois dias, alguns meses), mas no longo prazo SEMPRE as ações seguem seus fundamentos. Se uma empresa tem lucro consistente, cresce, é natural que suas ações fiquem mais caras com o passar dos anos: se você quer ser sócio de uma empresa com bons resultados, pague por isso!

O que o brasileiro quer é achar na bolsa uma grande tacada, comprar uma ação por dois centavos e vender ela dois dias depois por um milhão! Isso não existe, a coisa mais próxima disso é a Mega-sena. E é nesse ponto que entramos nas empresas do grupo X, todas elas aparentavam ser excelentes investimentos e muitos acreditaram e aqui está o problema. Acreditar em algo não é um problema, afinal se arriscar envolve acreditar que dará certo, mas os investidores das empresas X se esqueceram de uma parte: saber no que está acreditando. E isso vale para qualquer empresa, se você quer se tornar sócio de uma empresa, acho que é interessante saber o que ela faz, como é seu mercado, se tem dívidas, afinal você será dono de um pedaço dela.

A comparação mais clara que se pode fazer sobre como funciona a bolsa é a seguinte:
Suponha que eu sou dono de um mercado e ofereço a você, leitor, um pedaço do meu empreendimento, você me dá... vejamos... R\$50.000,00 e será dono de 25% do meu mercado. Você, leitor esperto, responderá:
"Certo, mas qual é o seu lucro? Quanto você ganha? Tem dívidas?"
Eu, com muita calma e alegria responderei: "meu lucro é quase zero, fazem dois anos que quase pago para trabalhar e estou cheio de dívidas no banco, algo na faixa de meio milhão"
Muito provavelmente você olhará no meus olhos, irá mandar a minha oferta no meio do ** e não irá ser sócio de algo que está fadado a falir e naturalmente, queimar seu dinheiro. PORÉM, na bolsa as pessoas compram essas empresas! Está falida, não tem perspectiva de recuperação, a dívida cresce e a administração não faz nada e mesmo assim, o espertão vai e compra a empresa.

"Desse jeito parece até que é fácil ganhar na bolsa"
E no fundo é, desde que você se empenhe ou tenha um plano. Ser sócio de alguém envolve um mínimo de atenção, saber o que acontece, financeiramente, é o passo zero. Pois, tendo ideia da "saúde" da empresa você pode decidir se aquele empreendimento é bom ou não. Nos próximos posts, irei comentar sobre alguns métodos para se escolher empresas e o que é importante saber.



sábado, 17 de maio de 2014

Títulos Federais - Tesouro Direto


Olá, mais um post sobre investimentos, desta vez irei falar sobre o Tesouro Nacional, como investir nele e quais os Títulos que o podemos comprar?

Primeiramente, para quem não sabe o que é a Secretaria do Tesouro Nacional (criada pelo Decreto Nº92.452) é órgão responsável pelo Sistema de Administração Financeira Federal e do Sistema de Contabilidade Federal. Basicamente, é a instituição que gerencia todo o dinheiro do país, quem determina a destinação dos recursos federais é o Ministério do Planejamento (ou deveria ser pelo menos).Outra função do Tesouro é receber o dinheiro oriundo de impostos federais e taxas pagas a união, como laudêmios de Marinha, GRU, Imposto de Renda e toda sorte de impostos que o governo consegue imaginar.

Agora, interessante lembrar que sempre ouvimos falar da famosa dívida interna e externa do Brasil, ela cresce cada vez que o país resolve investir em algo para a população, como grandes obras públicas: estradas, ferrovias, portos ou Estádios da Copa do Mundo FIFA.
"E quem empresta esse dinheiro?"
Bancos autorizados a compra da dívida pública(dealers), outros países, o Fundo Monetário Internacional (FMI),  investidores estrangeiros (através de títulos negociados no exterior) ou nós, relés mortais, pagadores de Imposto de Renda e tudo o mais.

Talvez alguns se surpreendam, embora seja algo já bem difundido no mercado, podemos financiar o Brasil, emprestando dinheiro ao governo com juros. E as taxas não são ruins, são muito boas e permitem investimentos em pequenas quantidades.

"E como podemos fazer isso?!"

Bem, através do Tesouro Direto. Que por sinal tem um excelente slogan: "Quem entende investe", e de fato é isso, não só no Tesouro, mas quem entende um pouco sobre economia e investimento, de fato investirá! E o TD é uma ótima alternativa, pois oferece diversos tipos de títulos (com pagamento de cupons, com juros fixos ou não), abaixo explicarei cada um dos títulos em maiores detalhes, deixarei o cálculo do imposto de renda para o final:


Títulos pré-fixados (NTN-F e LTN)


Pré-fixados como o nome sugere você compra um título público sabendo exatamente quanto será seu rendimento naquela aplicação. Nesta condição, o Tesouro permite a compra de dois tipos de títulos: as Notas do Tesouro Nacional da série F (NTN-F) e as Letras do Tesouro Nacional (LTN), a diferença entre elas é bastante simples.


  • NTN-F: você investe um valor e recebe semestralmente os juros da aplicação e no vencimento do título você recebe um cupom de juros mais o dinheiro investido inicialmente. A metodologia do cálculo é explicada aqui.
  • LTN: muito semelhante a NTN-F, só que a LTN não paga cupom de juros, ela paga todos os rendimentos no vencimento de forma única. O cálculo dela é bastante simples e explicado aqui.
Uma outras característica comum a estes títulos é seu formato, em ambos, no vencimento para cada título comprado você receberá R\$1.000,00, ou seja, se você comprar 1 LTN a R\$660,00 reais hoje (LTN 010118) você receberá R\$1.000,00 menos imposto de renda (15% dos lucros, mas explicarei a frente). Além disso, nesta aplicação ao comprar o título, o comprador tem garantida a taxa de juros firmada, o que oferece mais segurança tanto ao investidor como ao Tesouro.

Títulos pós-fixados (NTN-B, NTN-B Principal, NTN-C e LFT)

Como o nome sugere, o pagamento dos juros é feito de maneira posterior, indexado a um índice de correção, ou seja, você seu rendimento estará atrelado àquele indicador específico. Atualmente, são negociados no TD as Letras Financeiras do Tesoro (LFT), Notas do Tesouro Nacional Série B (NTN-B) e Série B Principal (NTN-B principal). Existem, ainda, as Notas do Tesouro Nacional da Série C, mas não estão negociadas no momento. Vamos as suas características:
  • LFT: funcionam de maneira semelhante as LTN só que os juros são atrelados a Taxa SELIC (Taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) mais um ágio/deságio (parcela de juros fixa no momento da compra). O pagamento do montante (juros + capital investido) é feito somente no vencimento. O cálculo pormenorizado dela é apresentado aqui.
  • NTN-B: paga juros semestralmente ao investidor e em seu vencimento você recebe seu dinheiro aplicado e um cupom. Portanto, muito semelhante a NTN-F, porém a taxa de juros utilizado é o IPCA + juros fixos, ou seja, este título sempre terá rentabilidade real, pois ele paga um juro fixo e inflação, garantindo ao investidor não somente seu dinheiro, como também um rendimento real. A metodologia de cálculo é apresentada aqui.
  • NTN-B Principal: este título paga juros somente no vencimento, semelhante a LTN. Porém, sua taxa de juros é composta por uma parcela fixa mais IPCA, que, da mesma maneira que a NTN-B, garantirá ao investidor rendimento real em sua aplicação. O procedimento para seu cálculo é dado aqui.
  • NTN-C: sua forma de pagamento e juros é idêntica a da NTN-B, a diferença é que o indexador utilizado para o pagamento de juros é o IGP-M. Sua metodologia de cálculo é apresentada aqui.


Riscos e Imposto de Renda

Qual o Risco do Tesouro Direto? Eu diria nenhum, mas isso é errado pois sempre haverá risco, então eu diria risco muito baixo, por que você  poderá perder dinheiro ao investir no Tesouro em três situações:
  • Você acredita no que dizem os jornais e a mídia vendeu os títulos antes do vencimento dos mesmos; Ou,
  • Você teve um imprevisto financeiro e foi obrigado a vender seus títulos antes do vencimento; Ou
  • O Brasil quebrou.
Considerando que o Brasil não irá a falência, afinal ninguém empresta dinheiro para quem está quebrado, você eventualmente poderá perder dinheiro se vender antecipadamente seus títulos. Eu grifei essa palavra por um motivo muito particular, pois quando você compra um título do governo, você (comprador) e Tesouro fecharam um acordo sobre os juros, se você vender antes, o Tesouro recomprará sua parcela sem problema, mas pagará o valor negociado em mercado... Que pode ser mais baixo do que no momento da compra ou mais alto. Isso dependerá muito da situação financeira do país, das expectativas econômicas e, principalmente, da Taxa SELIC.


E para encerrar falarei sobre meu grande sócio nos investimentos: Imposto de Renda, afinal ele não deixaria de participar nos meus lucros junto ao Tesouro. Mas todos podem ficar tranquilos, que o Leão pega sua parte do rendimento antes de chegar a sua mão, então não é necessário fazer absolutamente nada, você será taxado antes que seu dinheiro volte para você. Existe uma tabela de tributação regressiva para aplicações no tesouro: 
  • 22,5% para aplicações até 180 dias;
  • 20% entre 181 e 360 dias;
  • 17,5% entre 361 dias e 720 dias; e,
  • 15% para investimentos com mais de 720 dias. 
  • Observação: Aplicações com menos de 30 dias também são tributadas pelo IOF (Imposto sobre Operação financeiras), após 30 dias ele não é mais pago.
Parece complexo, mas não é, vamos pegar o exemplo da LTN 010118: você compra ela hoje (17 de maio de 2014) a R\$ 657,67, dia 1º de Janeiro de 2018, o governo lhe dará por ela R\$1.000,00, portanto você terá um lucro de R\$342,33. Como você permaneceu com seu dinheiro aplicado por mais de 720 dias corridos, seu lucro será tributado em 15%, logo você receberá os R\$657,67 aplicados inicialmente + R\$290,98 (você terá pago R\$51,35 de IR). E tendo o valor líquido da operação, podemos determinar os juros totais no período (para o exemplo  aproximadamente 44% de juros no período, ou em termos anualizados: 10,45% ao ano.

Se compararmos com a poupança, o tesouro tem uma rentabilidade anual quase 5% maior (em termos líquidos), além de apresentar rendimento real, outro fator negativo em relação a poupança é que ela apresenta mais risco que o Tesouro. Pois não sei quanto a vocês, mas acho que é mais fácil um banco quebrar do que um país inteiro...

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Como analisar um investimento


Antes de tudo, quero dizer que o entendimento de um investimento ser bom não é universal. O que quero dizer com isto? Um investimento pode ser bom para mim e ruim para você.  Para analisarmos isto devemos ter em mente as 3 características a seguir:
  • Liquidez: é a facilidade de um ativo ser transformado em dinheiro.
  • Rentabilidade: é o valor final que se espera receber por investir o dinheiro.
  • Risco: risco é a chance de um plano seu sair do esperado, ou seja, quando você planeja algo e este não acontece.

Para analisarmos a liquidez de um investimento deveremos fazer a seguinte pergunta: 
"Em quanto tempo posso ter o meu dinheiro em mãos?"
Para analisar a rentabilidade devemos fazer a seguinte pergunta: 
"Qual o retorno que espero ter nesta aplicação financeira?
Para analisar o risco devemos fazer a seguinte pergunta: 
"Qual o risco que eu corro do investimento não ter a rentabilidade que eu espero."
Para efeito ilustrativo irei analisar a poupança.
Em quanto tempo posso ter o meu dinheiro em mãos? Na mesma hora, portanto temos uma liquidez alta. Qual o retorno que espero ter nesta aplicação financeira? O retorno da poupança está em 0,49% ao mês, o que gera 5.88% ao ano. Essa é a rentabilidade da poupança, muito baixa, porque é próxima de nossa inflação atual: 6,28% ao ano, ou seja, ao deixar o dinheiro na poupança, você na verdade está perdendo dinheiro, claro que muitos menos do que se estivesse em casa embaixo do colchão! Isso classifica a poupança com uma rentabilidade real negativa (-0,4% ao ano), tornando-a um investimento com rentabilidade baixa.

               E por fim: Qual o risco que eu corro do investimento não ter a rentabilidade que eu espero? Nenhum praticamente, pois o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) garante reembolsar até 250.000,00 reais por aplicação em caso de quebra da instituição financeira. Consequentemente, Risco baixo ou mesmo nulo!

Então chegamos a seguinte conclusão:
Poupança: Liquidez alta, Risco baixo, e Rentabilidade baixa.
Em um mundo ideal um investimento seria considerado bom se houver:
"Liquidez alta, Risco baixo e Rentabilidade alta"
Infelizmente, no nosso mundo de investimentos, os rendimentos altos estão ligados a riscos elevados e prazos longos. Este post tenta esclarecer um pouco alguns conceitos importantes a respeito de investimento, nos próximos posts pretendo falar a respeito de mercado de capitais (ações em particular).

Post feito com a ajuda do Gabriel Veronesi.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Barras de Ouro que valem mais do que Dinheiro


Quem nunca ouviu essa frase dita pelo ilustríssimo Sílvio Santos (SS) no Sistema Brasileiro de Televisão?

Embora tenha uma cara de propaganda enganosa, barras de ouro valem sim mais do que dinheiro. Mas por quê?

A resposta reside no valor que as pessoas atribuem ao ouro, pois este sempre foi considerado uma reserva segura de dinheiro, tanto é que temos expressões cotidianas que remontam a ideia do valor do metal: "mina de ouro".

Durante as diversas crises econômicas mundiais, sempre que acontece algum momento de grande instabilidade ou medo, as pessoas se refugiam no ouro devido ao seu valor intrínseco, pois muitos governos mantem reservas de ouro como lastro de algumas operações. De certo modo, a pessoa compra um seguro contra a volatilidade da moeda.

"Certo, em miúdos, o que quer dizer?!"

O ouro tende a valorizar durante crises econômicas e ter uma rápida desvalorização nos anos seguintes após a crise. O belo metal dourado, assim como muitas outras coisas, é cotado em bolsa, então tem seu valor estipulado pelo mercado. Além disso, historicamente falando o ouro sempre tem uma valorização superior a da inflação, o que o torna uma reserva de dinheiro bastante interessante.

Certo, então o ouro na verdade vale mais do que dinheiro, por uma questão de não estar atrelado diretamente a inflação e possuir um histórico contínuo de ganho sobre as desvalorizações da moeda. Então, qual vantagem que SS tem em dar ele de prêmio às pessoas?

Explicarei com o auxílio do gráfico abaixo:

Gold Chart

Este é um gráfico de ouro, com cotações de ouro em gramas de maio/99 até o dia de hoje.

O gráfico mostra uma curva muito bonita para quem comprou ouro em 99, pois considerando a cotação de hoje R\$ 93,00 e o preço do ouro em 99, R\$19,00, temos um ganho 4,89 vezes. A inflação no período foi de 143% aproximadamente, o que equivaleria a dizer que os R\$19,00 de 1999 são equivalentes a pouco mais de R$ 46,30...

Portanto, temos uma rentabilidade real (acima da inflação) de R\$46,70 por grama de ouro. Parece pouco? Que tal um exemplo para ilustrar?

Vamos imaginar que alguém tenha comprado uma barra de ouro de 1 kg, em 1999, por uma bagatela de R\$19.000,00 (equivalente a um carro zero naquele tempo), teria vendido esta mesma barra hoje a R\$93.040,00, se tivesse aplicado em algo que tem um rendimento próximo ao da inflação, teria algo próximo de R\$46.300,00... Uma singela diferença de R\$46.740,00. Um ganho de mais de 100% sobre a inflação, algo como aproximadamente 6% de rendimento real, ou se considerarmos a inflação do período, algo como 13% brutos. Claro, se considerarmos a nossa grande sócia, a Receita Federal, teremos que pagar R$ 14.800,00 de IR. Mesmo assim teríamos uma ganho significativo sobre a inflação.

E qual a vantagem do Silvio então? Comprar as barras de ouro dos prêmios alguns anos antes e as manter. Por exemplo, se ele tivesse comprado 1 milhão de reais em ouro em 2010, hoje ele teria algo como algo próximo de R\$1.340.000,00, em suma, ele paga o milhão ao ganhador e ainda mantem consigo uma reserva em ouro. Além disso, é uma boa para o ganhador do prêmio, que receberá um ativo que no longo prazo é muito bom.
"Então investir em ouro é uma boa!"
Poderíamos concluir que sim. Mas na realidade, o ouro é considerado uma reserva de capital, afinal ele não produz resultados, fica ali parado se valorizando. Embora tenha um rendimento muito alto, existem aplicações melhores (naturalmente mais arriscadas). Um ponto negativo para investimento em ouro, no mercado à vista, são os altos valores necessários para negociação. Neste link existem algumas explicações sobre como aplicar em ouro na BM&F Bovespa.

E para finalizar o post, algumas considerações:

  • Durante os últimos anos, temos acompanhado diversos momentos de economia tensa, um deles fica muito evidente no gráfico quando a cotação do ouro supera bate os R\$ 115,00/g e logo em seguida despenca para os atuais R$ 93,00. Esse fenômeno indica a saída de investidores em suas posições de ouro para outros ativos, quando um clima de confiança volta a se formar.
  • Percebam que nos momentos de crise, 2008-2009 e 2011-2012, o ouro tem uma valorização rápida e ascendente, esse tipo de movimento corrobora para algumas ideias de que mesmo quando mercado está "ruim" é possível fazer bons negócios.


Investimentos de Mentira


Investimentos de mentira... Talvez alguns fiquem meio chateados comigo, mas irei falar sobre eles.

 

E o que são investimentos de mentira?

Negócios que parecem investimentos, mas na realidade não são! Parece fácil identificá-los falando deste jeito, mas somos bombardeados pela propaganda de uma forma que a pessoa realmente acredita estar fazendo um bom negócio e não há quem a convença do contrário. Tentarei hoje através da argumentação por exemplos e com números!

 

First things first, quais são os investimentos de mentira?
Irei tratar de dois grandes conhecidos do público: título de capitalização e consórcio.

 

Título de Capitalização
Não é poupança, não é investimento, não é absolutamente nada!
"Você economiza dinheiro e concorre a prêmios"
Concorrendo a prêmios semanais, mensais e de até R\$5.000.000,00! E ao final do plano você resgata todo o dinheiro, e MELHOR corrigido pela Taxa Referencial (TR).
Isso significa que você dará seu dinheiro ao banco e ele o usará em outras coisas como emprestar as aplicações dos títulos a outras pessoas com juros, é claro. Sim, você dará seu dinheiro ao banco, este é o termo correto. Pois até o final do plano, o comprador do título não pode resgatar seu dinheiro (ou pode se pagar uma taxa de 5% ou mais).

Se esta pessoa aplicar o dinheiro na poupança, que não é um investimento bom, receberá diversas vezes mais do que o mesmo aplicado na poupança, que rende 6,17% ao ano + TR, ou seja, só na comparação direta a poupança paga 6% de juros a mais por ano, parece pouco? Vamos ao exemplo.

Elaborei a tabela abaixo para apresentar um comparativo direto entre o título, a poupança e o ganho da aplicação sobre o embuste, considerando um depósito de R\$100,00 por mês em cada uma das "aplicações". Estou colocando diretamente o valor dos depósitos + juros, ou seja, o montante a cada ano, para efeito de cálculo considerei a TR como sendo 1% ao ano.


Anos
Título de Capitalização
Poupança
Ganho da Poupança
1
R\$ 1.206,52
R\$ 1.247,64
R\$ 41,12
2
R\$ 2.425,16
R\$ 2.587,74
R\$ 162,58
3
R\$ 3.656,04
R\$ 4.027,14
R\$ 371,10
4
R\$ 4.899,29
R\$ 5.573,21
R\$ 673,92
5
R\$ 6.155,03
R\$ 7.233,85
R\$ 1078,82

 

Rapidamente podemos perceber que a poupança é melhor em qualquer cenário. Apenas para destacar existem algumas "modalidades" deste embuste que pagam 10% se o comprador permanecer com o título por 5 anos ou mais. Mesmo se considerarmos isso a poupança continuará rendendo mais que o título. Lembrando que a poupança posso sacar a qualquer momento E que ela é uma forma de investimento bastante "ruim", existem opções bem melhores com R\$ 100,00 mensais, como por exemplo, títulos do Tesouro Nacional.

Em geral, o grande atrativo dos títulos de capitalização são os sorteios semanais, mensais, quinzenais e diabo a quatro, que na verdade são pagos com os rendimentos auferidos pelo banco emissor com o dinheiro depositado. E como a chance de ganha-los é baixa, é como apostar na loteria, só que com uma aposta maior e que você recebe de volta depois de alguns anos...

 

Consórcios – A grande jogada
Muitos amigos, colegas e conhecidos são compradores do que chamo a melhor jogada de propaganda da face da terra. Veja como funciona:
  • Você entrega a um banco (ou vendedor do consórcio) uma quantia de dinheiro por mês, este valor é composto de três parcelas: fundo comum, taxa de administração e fundo de reserva.
  • O banco guarda seu pagamento do fundo comum, pega para si, a título de pagamento, a taxa de administração e fundo de reserva é guardado em outra conta no caso de emergência (Ah! Tá bom). Alguns bancos cobram também seguro, que serve para evitar inadimplentes.
  • Depois de verificar o pagamento de todos os membros do Consórcio, o banco faz um sorteio de uma carta de crédito no valor total firmado em contrato dentre os adimplentes.
  • E assim vai até a quitação do Consórcio.
Para falar sobre o Consórcio vamos às palavras-chaves: fundo comum, taxa de administração e fundo de reserva. Ainda há o seguro, mas não o colocarei na conta. Ao final, um exemplo com números.
  • Fundo comum: tem por objetivo acumular recursos para a compra de um bem. Ele representa quase todo o valor da sua parcela, para calculá-lo basta dividir o valor do Consórcio pela quantidade de prestações.


  • Taxa de administração: já dito anteriormente, remunera o administrador do Consórcio. É geralmente apresentado no formato percentual, alguns valores típicos de mercado variam em 10% a 20%. Para calcular o valor da administração basta multiplicar o valor do Consórcio pela Taxa e dividir pela quantidade de parcelas.


  • Fundo de reserva: compõe uma reserva a ser usada em caso de emergência. Sinceramente, é mais uma maneira de remunerar o administrador do Consórcio, pois você não recebe essa parcela de volta ao final. Em geral é 5% do valor do Consórcio, o cálculo dela é feito de maneira semelhante ao da Taxa de administração. (Taxa * Valor total do Consórcio / Quantidade de parcelas).

Abaixo, elaborei uma tabela para um Consórcio com duração de 50 meses voltado a compra de um automóvel no valor de R\$ 30.000,00, com taxa de administração de 12%.

Consórcio
Valor do automóvel
R\$ 30.000,00
Duração do grupo (quantidade de parcelas)
50 meses
Fundo comum (mensal)
R\$ 30.000,00/ 50  = R$ 600,00
Taxa de Administração (mensal)
R\$ 30.000,00 *12%/ 50  = R$ 72,00
Fundo de reserva (mensal)
R\$ 30.000,00 * 5%/ 50  = R$ 30,00
Valor da prestação
R\$ 702,00

Bem, para início de conversa o Consórcio é um passivo, ou seja, ele produz gastos mensais a você. Segundo aspecto, quando entregávamos nosso dinheiro ao banco no caso do Título de Capitalização pelo menos rendia quase nada, agora o Consórcio faz pior: o banco cobra para guardar seu dinheiro, em miúdos, além de não te dar absolutamente nada, ele te cobra para guardar seu dinheiro.

"Ah, mas se eu for sorteado poderei adquirir meu carro/imóvel mais rápido"
Certeza? Se considerarmos esta parcela como investimento mensal na Poupança, em aproximadamente 3 anos, você acumulará este valor e se continuar juntando durante 50 meses, terá acumulado pouco mais de R\$ 40.000,00. Na opção de consórcio pagarás R\$ 35.700,00 por R$ 30.000,00 antecipados. Novamente, comparei com a poupança, se for comparar com um título de governo, ao final do prazo teríamos R\$ 44.200,00.

 
Conclusão
Nem um, nem outro são investimentos, nem deveríamos ter este nome, é incrível que nas propagandas destas duas modalidades o termo usado é investimento. Mas não são, nem um nem outro tem qualquer tipo de rentabilidade real e o consórcio, pior ainda, você é cobrado por mês. Algumas ressalvas, no cálculo do título de capitalização se considerarmos a inflação, seu rendimento é negativo (sim, você recebe menos dinheiro do que colocou), no caso do consórcio o efeito é ainda pior: em um cenário de inflação elevada o bem-objetivo do consórcio sobe de valor, exigindo que o sorteado aporte ainda mais valores para a compra do bem. E mesmo o atrativo dos prêmios no caso dos títulos de capitalização deve ser desconsiderado, a chance de ganhar é pequena e o investimento mensal nesta aposta é caro, mesmo recebendo o dinheiro de volta no final do prazo.

Como regra geral, nenhum dos dois tem qualquer valor como investimento, são passivos e são caros, contribuem em nada com sua saúde financeira. A compra de qualquer bem deve ser feita com base em objetivos claros e poupança mensal e não em sorte de ganhar prêmios milionários ou de receber a carta de crédito do consórcio no primeiro mês.

domingo, 11 de maio de 2014

De onde vem o seu dinheiro?

Tomando agora um viés menos contábil e mais econômico do blog, falarei hoje sobre de onde vem o seu dinheiro. Talvez muitos fiquem surpresos ou impressionados.

Bem, para começar esse assunto, acho interessante falar sobre a Europa de alguns séculos atrás...

Naquele tempo, as pessoas faziam suas negociações usando ouro ou prata, compravam bens com o uso destes metais preciosos. Só que esse método de pagamento apresenta alguns problemas: comprar grandes bens (imóveis, navios, animais) exigia carregar grandes quantidade de ouro, o que por sua vez era bastante incômodo e altamente inseguro.

Como solução, as fundições de ouro aceitavam guardar o ouro de depositantes (inclusive pagavam-os por isso) e davam a estes recibos de papel atestando a propriedade do ouro, rapidamente as pessoas começaram a usar estes recibos como forma de pagamento, originando assim o papel moeda.
Depois que este modo cômodo de comprar e vender foi criado, as pessoas pararam de ir resgatar seus depósitos em ouro, fazendo-os com uma menor frequência e as fundições deram-se de conta que podiam emprestar o dinheiro depositado, emitindo mais recibos de ouro sem ter aquele valor em seus cofres.

Fantástico não?! Ou seja, se o fundidor recebesse um depósito de \$500 em ouro, ele emitia dois recibos de \$500, um para o depositante e outro para um tomador de empréstimo. 
Agora voltando ao nosso tempo atual, esse método de criação de dinheiro não mudou muito desde aquele tempo, só hoje existe um nome bonito para isso: Reserva Fracionária.

E o que é a Reserva Fracionária? É um percentual que representa o quanto de cada depósito tem ser mantido no banco a fim de garantir o suprimento de dinheiro, no caso do Brasil (não consegui confirmar a informação) é de 38%, ou seja a cada R\$100 depositado em um banco R\$38,00 ficam em posse dele. O restante, R\$62,00, é emprestado. E caso o tomador deste empréstimo deposite o dinheiro novamente 38% deste valor ficam como depósito no novo banco (R\$23,56) e o resto R\$38,44 é emprestado outra vez esta sucessão de depósitos e empréstimos acontece até atingirmos o valor de 2,63157 vezes o depósito original (1/0.38), que representa o Multiplicador monetário.
Interessante, quer dizer então que o banco cria dinheiro? E não tem garantia nenhuma, ele simplesmente cria?
É, é isso mesmo, simplesmente cria! Sem nenhum lastro, nem garantias nem nada. 
Então quer dizer que os bancos podem criar dinheiro infinito?!
Não, também não é assim. A reserva fracionária é determinada pelo Banco Central, assim como a quantidade de dinheiro em circulação! Em suma, o Banco Central cria o dinheiro baseado, por exemplo, em depósitos de ouro, títulos do governo federal e permite que os bancos emprestem uma quantidade 2,63157 vezes maior do que o dinheiro lastreado, entretanto cada vez que ocorre um saque, a quantidade de dinheiro disponível para os bancos é reduzido no valor do saque, ou seja, se você sacar R\$1000,00 do banco, os bancos deverão reduzir o total de empréstimos em R\$2631,57.

Bem, e a pergunta mais lógica a se fazer agora é: "E se todos sacarem seu dinheiro?! O que acontece?".

Insolvência dos bancos, eles não teriam como te pagar, indo a falência. Esse fenômeno se chama "Corrida aos bancos", este fato acontece quando as pessoas acreditam que os bancos não terão como devolver seu dinheiroo e então, para evitar que fiquem sem, vão até o banco sacar e quando chegam lá percebem que todos tiveram a mesma ideia e o que mais temiam acontece: o banco não tem mesmo como pagar. É uma profecia autorrealizável. Este problema aconteceu nos EUA em 1907 e gerou um grande caos na economia.
Como solução, o governo juntamente com os bancos criaram a figura dos Bancos Centrais, que é considerado o Emprestador de Última Instância (particularmente prefiro o termo em inglês, Lender of Last Resort)que na eventualidade de uma corrida aos bancos forneceria essa quantidade de dinheiro as pessoas que querem seus resgates.

Inclusive esta é uma maneira de levar a falência o atual sistema financeiro, incentivar todos a sacarem seu dinheiro nos bancos (uma corrida aos bancos) e logo em seguida depositar todo o dinheiro de volta, causando uma inflação monstruosa ao longo do país e ocasionando um caos generalizado. Mas, felizmente, isso não acontecerá pois as pessoas são boas e legais com o governo e os bancos não tem a menor ideia de como um banco funciona.

"Ignorância é uma Benção"
Ao menos para o sistema financeiro... 

Super investimento: Carro zero!


Olá a todos, hoje quero falar de um super investimento atual: seu carro!
Juros baixos, cortes no IPI, este é o momento do carro zero e ainda temos parcelamentos sem juros!

...

Pode até ser um bom negócio tudo isso, para quem precisa de um carro... Mas não é um investimento, se realmente fosse a aquisição de um automóvel iria contribuir para sua conta de ativos.

OPA! Mas o carro é um bem, não? Ele é um ativo por definição! Está aqui.

Correto, o carro ele está na coluna de ativos, pois é um bem e possui valor, contudo, ele não contribui para aumentar seus ativos, ele faz exatamente o contrário, aumenta seus passivos!
Automóvel tem custos com IPVA, manutenção e combustível, pior ainda: deprecia. Todas estas características tornam o automóvel um grande custo. Mas não é por este motivo que não se deve comprar um, aliás não é nem este o objetivo deste post. Não é tentar convencer o leitor a não comprar um carro, esta discussão está em outro campo, o da mobilidade urbana.

O que quero passar, é que o carro é um grande custo extremamente mal planejado, as pessoas compram mas não fazem contas básicas como: o quanto gastarão de combustível, IPVA, manutenção e depreciação. Muitos até estimam os três primeiros, mas nem sabem o que é o quarto elemento de custos do carro.

Depreciação

É simplesmente a desvalorização de um ativo ao longo do tempo. Ou seja, conforme o tempo passa seu bem vale menos. Ao sair de uma concessionária seu carro desvaloriza automaticamente 20%, devido a diversos custos da revendedora com impostos estaduais (afinal, se você vender seu carro de volta o governo não devolverá o ICMS da transação).
Mas não sei quanto a vocês, leitores, eu não sou a favor de se comprar um bem de R\$40000,00 e sair da loja com ele valendo R\$36000,00. Sabem é uma perda de R\$4000,00... Quantas coisas se podem comprar com este dinheiro?
E olha, estou falando aqui da depreciação de 1 segundo após a loja, depois de um ano ou dois, o valor cai para dois terços do original (ou menos em função das condições de mercado). Mas então não se pode comprar um carro zero? Pode, mas é interessante buscar um negócio bom, descontos, parcelamentos sem juros (este caso exige um pouco mais estudo, mas de forma geral compensa se você tem o valor a vista do automóvel). Ou talvez a aquisição de um semi-novo. Dependerá de seus sonhos, objetivos e condição financeira. Carros zeros, teoricamente, exigirão menos manutenções, menores gastos no curto prazo. Ainda assim, esse "ganho" empata com a depreciação, na melhor da hipóteses.

O que fazer então? Deixar de comprar se preciso? Bem, se é tão necessário, paciência. O principal é fazer todas as contas, pois a aquisição do automóvel contribuirá com suas despesas e redução de ativos ao longo do tempo, minando outros sonhos, como casa própria, bens, férias com a família etc.

Sempre tenha objetivos e metas, sem isso, suas contas nunca estarão em dia. Apenas lembro a todos que as propagandas de parcelamento e IPI reduzido querem que você compre, pois afinal alguém tem que sustentar o sistema, só não precisa ser você.

sábado, 10 de maio de 2014

Ativos e passivos - um pouco de capitalismo


Acho que depois de falar sobre inflação, índices é interessante abordar algo mais concreto, como contabilidade pessoal e três conceitos interessantes: ativos, passivos e patrimônio líquido.

A conotação destes termos, segundo as regras da contabilidade são um pouco distintas, e aqui quero enfatizar mais no significado das palavras do que em sentido contábil. Poderia simplificar este post a estas três "definições":
  • Ativos: a soma de todos os seus bens, investimentos e dinheiro em contas correntes (ou embaixo de seu colchão);
  • Passivos: Dívidas;
  • Patrimônio Líquido = Ativos - Passivos.

Ou poderia falar de uma forma mais bonita:

  • Ativos são a soma de seus bens mais os direitos, também chamado patrimônio bruto;
  • Passivos são todas as suas obrigações com terceiros que ainda não foram quitadas;
  • Patrimônio líquido é a simples subtração dos ativos pelo passivos.

Algumas explicações, bens são tudo aquilo que possui um valor econômico, podem ser móveis (carros, móveis, utensílios), imóveis (casas, edifícios), financeiros (ações de uma empresa, cotas em fundos), intangíveis (marcas, patentes), enquanto que direitos é tudo aquilo que se tem para receber, aluguéis, salários, restituições, etc. Ao passo que as obrigações são as dívidas com terceiros não quitadas, como imposto a recolher, cartão de crédito, crédito rotativo, empréstimos e etc.

Bem, essas definições são mais úteis para uma empresa, do que para nós mortais. Em nossa "contabilidade caseira" não devemos nos preocupar muito com toda esta terminologia, embora conhecê-la seja importante.

Afinal, depois de toda essa história, que me importa saber o que é ativo, passivo e patrimônio?
Organização e controle. Saber para onde está indo seu dinheiro e quais são seus maiores gastos. Estimar qual sua economia mensal, que contribuirá para que seus ativos cresçam ou determinar qual seu excesso de gastos mensais que acabam minando seus ativos.

Isso é importante para que você possa avaliar quando comprar um novo bem, seja um casa, carro dos sonhos. Com um pouco de organização, é possível estimar metas e prazos para cumprir seus projetos pessoais de vida. Mas é importante que se tenha controle e organização.
Sob a ótica destes três conceitos, a organização das finanças pessoais é bastante simples: seus ativos compreendem tudo aquilo em que você tem dinheiro aplicado: conta no banco, ações, imóveis, poupança, fundos, ou que de algum produza retorno financeiro; Na parte de passivos, você lançará suas dívidas: cartões de créditos, empréstimos, financiamentos.
E após ter classificado toda sua renda, algumas considerações são interessantes:

  • Patrimônio líquido positivo (Ativos > Passivos) significa que você esta bem financeiramente falando, contas equilibradas e em caso de alguma emergência que necessite de dinheiro, você o teria disponível. 
  • Patrimônio líquido é negativo, significa que você tem uma dívida maior que seus bens, ou seja, mesmo que você venda tudo que tem, continuará devendo, esta condição é problemática, pois tem a tendência a levar a pessoa a pedir mais e mais empréstimos e em caso de emergência se vê obrigado a recorrer a parentes ou ao banco para manter as contas não ir a falência.
Existem ainda duas condições extremas:

  • O cara sem dívidas, em que o passivo é igual a zero, algo muito bom, mas pode não ser tão vantajoso.
  • E aquele em que os ativos são nulos ou possui somente ativos que só geram passivos (carros, casa própria, etc) e para completar, tem diversos passivos (financiamentos, empréstimos). Em resumo, depende exclusivamente de seu salário (muitas vezes, comprometido em quase sua totalidade)

Este último caso extremo, é bastante complexo e percebo, por experiência pessoal, que ele tende a acontecer com pessoas que não compreendem bem a educação financeira e acabam colocando em risco o mês seguinte com algum gasto não previsto, que levará a um aumento de passivo e restringirá ainda mais seu poder de compra, aí não terá como comprar nenhum bem a vista, que acarretará em novo financiamento e assim temos um círculo vicioso de uma pessoa que acha que tem muito, mas depende exclusivamente da concessão de crédito do banco (e ainda pior: sujeito às taxas de juros).

O primeiro passo para fugir deste caminho tortuoso de empréstimos, financiamentos e parcelamentos sem fim é o que já disse antes: organização e controle, com um pouco de tempo e boa vontade, organizar as contas pode levar a indicações de onde estão os gastos desnecessários e onde deveria estar se gastando mais e não está.
Existem diversas planilhas online para auxiliar na montagem de seu orçamento (Bovespa10 Planilhas da Exame), qual é a melhor? Só você saberá escolher, mas é MUITO IMPORTANTE que você verifique se seu orçamento está sendo executado conforme o planejado para poder avaliar melhor gastos futuros ou mesmo investimentos futuros.
Além disso, é fundamental que se entenda a ideia de ativos e passivos, classificando toda sua renda, para saber qual sua atual situação financeira e o que pode fazer para melhorá-la.

Pretendo escrever mais sobre assunto e explicar ainda alguns conceitos que muitos acreditam que sejam "investimentos" (ativos), como carros, seu imóvel próprio e itens domésticos.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Índices de Inflação


No segundo post do Blog expliquei como a Inflação influencia em nosso poder de compra, mas não falei como ela é medida ou qual a importância de conhecermos a inflação.

Para começar, é importante comentar que, atualmente, existem diversos indicadores de inflação, dentre os principais podemos citar: Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),  Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), mensurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) e Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), medidos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Todos estimam a variação de preços ao consumidor dentro de um certo período de tempo e o que os difere está basicamente em sua metodologia, ou seja, quais são os dados mensurados para avaliação da variação de preços. Não irei explicar quais as diferenças de cálculo de cada índice, mas irei expor alguns pontos principais da metodologia de cada um e suas diferenças marcantes.

1.INPC e IPCA

Ambos medidos pelo IBGE retratam a variação de preços no varejo para famílias com rendas entre 1 a 5 salários mínimos, INPC, e de 1 a 40 salários mínimos, IPCA. Os dois são utilizados na avaliação do aumento do custo de vida do brasileiro, com a ressalva que o INPC é utilizado para avaliar a inflação sobre pessoas de menor renda.

Estes índices têm uma grande importância, pois são a medida oficial de inflação do governo e representam o compromisso dos nossos governantes com o crescimento adequado de nossa economia e para tornar esta ideia mais sólida existe desde 1999 um conjunto de metas de inflação, composto basicamente por dois elementos: um valor central e um banda de tolerância, atualmente a meta de inflação tem como centro um valor de 4,5% a.a. e uma banda de tolerância de 2%, ou seja, a inflação "estará" sob controle se estiver dentro da faixa de 2,5% a 6,5% ao ano.
Além disso, estar ciente destes indicadores, em especial do IPCA, é muito importante, pois o salário mínimo, os títulos da dívida pública de longo prazo e alguns contratos são atualizados anualmente pelos índices oficiais. Lembrando que: conhecer os índices de inflação oficial permite ao trabalhador exigir sua reposição salarial adequada a fim de não ter seu poder de compra reduzido.

2. IGP-M e IGP-DI

Estes dois índices são medidos pela FGV e avaliam o crescimento dos preços no atacado, no varejo e na construção civil, representando de uma forma mais geral o aumento dos custos ao redor da Nação. Estes índices diferem-se entre si por sua composição, explicada em maiores detalhes aqui e aqui, e distinguem-se daqueles medidos pelo IBGE em função da avaliação de preços na produção e distribuição de produtos e serviços.
O emprego destes índices na economia nacional é bem amplo, em especial por aqueles que pagam aluguel, uma vez que seus custos mensais são atualizados anualmente pelo IGP-M. Além deste emprego, este índice é usado na correção de alguns títulos do Tesouro Nacional (Notas do Tesouro Nacional - Série C, NTN-C) e alguns contratos, já o IGP-DI é empregado na variação do PIB em conjunto com outros indicadores.

3. Por que conhecê-los?

Para ter conhecimento do quanto seu poder de compra é reduzido, para saber se seu aumento salarial é justo, para identificar potenciais investimentos, estes são alguns dos motivos que posso citar do porquê conhecer os índices e saber em que ponto influenciam nosso dia-a-dia. 
Por exemplo, quando se avalia um investimento é interessante que ele tenha um rendimento superior a inflação (em geral, compara-se com o IPCA), pois assim além de manter o poder de compra de seu capital aplicado, você receberá juros reais, ou seja, você esta sendo de fato remunerado!

E isto que torna alguns opções de investimento ruins, como a Poupança, CDB e fundos de renda fixa com taxas de administração elevadas, pois muitas vezes tem um desempenho idêntico ou pior que a inflação. Entretanto, esta análise torna algumas outras aplicações mais interessantes, como as Notas do Tesouro Nacional da Série B e Série B Principal (NTN-B e NTN-B Principal) que são compostas de uma parcela de juros fixa mais IPCA.

Portanto, conhecer os índices de inflação e onde são utilizados é de extrema importância, pois diversos contratos e empréstimos podem ser atualizados por algum destes indicadores econômicos, da mesma forma seus investimentos podem depender destes mesmos indexadores.




segunda-feira, 5 de maio de 2014

Juros e seu poder ilimitado

“Compound interest is the eighth wonder of the world. He who understands it, earns it ... he who doesn't ... pays it.” - Albert Einstein

As frases de Einstein são famosas, sobre diversos assuntos, mas quando se tratam de juros todos lembram de: "Juros compostos são a maior força do universo". E de fato o são, o efeito de "juros sobre juros" é o que torna a dívida de um cartão de crédito impagável ou faz com que você se torne um milionário e, naturalmente, remetem a frase de Einsten que abre o post.

Falando deste jeito parece até bem fácil se tornar um milionário com esses tais "juros compostos", infelizmente é muito mais fácil ter o cartão impagável e irei mostrar como.

Mas, primeiramente, é interessante explicar o que são: Principal, Juros, Taxas de Juros, Montante.

1 - Principal (P)
O Principal representa o valor inicial de seu investimento (ou dívida). Simples assim! Se você colocar R$1000,00 na poupança hoje, este valor possui o nome de Principal ou Capital.

2 - Juros (J)
É a remuneração pelo uso do dinheiro, ou seja, o quanto você paga além do principal para quitar uma dívida ou a parcela que representa o rendimento da sua aplicação. O rendimento de uma aplicação é chamado Juros, por exemplo: se ao aplicar durante um mês R\$1000,00 e ao final do mês recebermos R\$5,00 como remuneração, este valor chamamos de juros.

3 - Taxa de Juros (Tx)
Esta por sua vez representa em termos percentuais o rendimento de uma determinação operação financeira, seja um empréstimo ou um investimento. Se considerarmos que obtivemos um rendimento de R\$5,00 após um mês para nossa aplicação de R\$ 1000,00, concluímos que a Taxa de Juros é de 0,5% ao mês (a.m.).

Existem ainda alguns subtipos de taxas de juros: as Taxas Nominais e Taxas Efetivas. Infelizmente, elas são usadas de maneira equivocada ou, ao menos, são interpretadas de maneira errônea, levando muitos a acreditar que pagam um juro menor. Irei tratar sobre esse assunto no próximo post, pois é algo que considero uma má fé por parte de vendedores.

$Tx = \frac{J}{P}$

4 - Montante (M)
É a soma do Principal com os Juros. Seguindo o exemplo da poupança, ao aplicar durante um mês R\$1000,00 na Poupança a uma taxa de 0,5% ao mês (a.m.), o Montante será de R\$1005,00.

$M = P + J$

5 - Juros Simples
Representam a aplicação de uma taxa de juros apenas sobre o Principal. Um exemplo seria recebermos todos os meses R\$5,00 pela nossa aplicação inicial de R\$1000,00. O que nos leva a uma equação bastante simples para calcularmos nosso montante após m meses aplicados a uma taxa de juros mensal de $T_x$:

$M = P*(1+T_x*m)$

6 - Juros Compostos
Diferentemente dos Juros Simples, os juros compostos são aplicados todos os meses sobre o Montante do mês anterior. Neste caso, supondo uma taxa de juros de 0,5% a.m., no primeiro mês receberíamos R\$5,00 de juros, no segundo mês R\$5,03, no terceiro mês R\$5,05, ou seja, cresce de maneira exponencial!

$M = P(1+T_x)^m$

Agora, retomando o início do post... Falei que iria mostrar como é mais fácil ter uma dívida impagável do que ser milionário, embora pareça até algo óbvio, é interessante mostrar o porquê. E neste caso, o problema não são somente os juros compostos e sim o perfil de consumo de cada um! Os hábitos de consumo e de poupança falam que tipo de pessoa somos em termos financeiros, se gastamos mais do que ganhamos é natural a falência. Parece óbvio, mas muitas pessoas ignoram isso, quando você deixa de pagar uma conta, aquele valor não saldado será acrescido de juros (e compostos), imagine uma taxa de 7,5% ao mês, como a do cheque especial, se o indivíduo ficar negativo por dois meses seguidos, no primeiro mês serão cobrados R\$7,50 de juros e no segundo mês R\$8,06, fazendo com a dívida vá de 100 reais para 115 em apenas 60 dias. Agora considere o cartão de crédito, que tem um taxa mensal de juros de aproximadamente 15% ao mês, e você deve R\$1000,00 ao cartão, no mês seguinte sua dívida será de R\$1150,00, no próximo de R\$1322,00 e assim até ela ficar literalmente impagável.

Quer dizer que estamos fadados a falência? Não! Mas hábitos de consumo descontrolados irão levar a esta condição muito rapidamente, pois ficar "rico" através de investimentos é um trabalho árduo, as melhores taxas da Renda Fixa hoje permite aferir ganhos de 10% AO ANO. O que nos leva a concluir que fazer seu dinheiro render é muito difícil, enquanto que ver uma dívida explodir é algo bastante simples.


Inflação o que é?

O temível dragão! Ou o dragão brasileiro como alguns já falaram tempos atrás, está de volta? Não, talvez, sim?!
Bem, o que é inflação? Acho que neste ponto muitos brasileiros já vivenciaram uma inflação elevada e persistente, muitos podem não saber a definição de inflação, mas sabem o que ela significa na prática.
Durante a década de 80 (principalmente), o Brasil vivenciou valores de inflação absurdos com trocas de planos econômicos e moedas que jamais se vira antes.


Mas, para início de conversa, é importante destacar que dinheiro tem valor no tempo, não me refiro ao ditado: "Tempo é dinheiro" e sim que seu valor muda conforme o tempo passa, ou seja, o dinheiro que você tem hoje pode comprar mais ou menos de uma certa coisa no futuro. Para evitar dúvidas, ilustrarei com um exemplo:

Suponha que em um determinado momento você com R\$10,00 é capaz de comprar 10 kg de batatas, isso significa que o quilograma da batata custa R\$1,00. Agora imagine que após o período de um ano, a inflação medida para a batata foi de 10%, isso significa dizer que o quilograma do tubérculo agora custa R\$1,10 e que com seus antigos R\$10,00 você compraria apenas 9,09 kg de batata.

Em termos práticos, quando há inflação seu dinheiro perde valor, o exemplo da batata mostra como nosso poder de compra diminui ao final de um ano, ou seja, você compra menos com o mesmo dinheiro.
A título de organização financeira, quando nos referimos à inflação, estamos sugerindo a desvalorização do dinheiro, ou seja, R\$10,00 após um ano com inflação a 10%, significa que você tem R\$9,00.
É comum vermos as pessoas falarem sobre como as coisas eram baratas antes e como tudo ficou tão caro, mas na verdade a única coisa que ocorreu foi o efeito da inflação, uma taxa que representa o quanto seu poder de compra foi limitado de um ano a outro.


Em um próximo post, irei explicar por que existe inflação.

domingo, 4 de maio de 2014

O engatinhar


Falar sobre o que gosta é algo bastante trivial, afinal o tema não é novidade, suas ideias já estão bem estruturadas em sua mente e diversas opiniões já estão consolidadas, contudo no momento em que deseja passar um pouco do que sabe para o papel ... Branco, a dificuldade emerge das profundezas de seu emaranhado de ideias perdidas e aquilo que você acha que sabe, perde-se ao colocar-se em palavras, buscar um significado para tudo o que se quer falar pode ser um pouco ruim no início, mas com o exercício contínuo e a prática, este problema é rapidamente superado.

E por que raios estou ponderando sobre isso? É meu primeiro post e tenho que destacar como é complexo escrever ao invés de se falar. Sempre gostei de economia, acho uma ciência fantástica: a maneira com que descreve o comportamento de sociedades, as tendências naturais de mercado, as relações entre indivíduos, tudo é muito interessante, mas duas coisas em relação a esta ciência intrigam-me, a primeira é em relação a presença dela no nosso dia-a-dia e a segunda a maneira como muitos a ignoram.
Fui simpático ao usar o termo "ignorar", o que costumo ver é a demonização da economia, como algo que está ligado a alguém avarento ou ao capitalista sanguinário que quer explorar seus pobres e indefesos trabalhadores. E neste blog, pretendo, aos poucos, desmistificar os conceitos mais básicos e importantes de economia e por qual motivo todos deveriam sabê-los. Além disso, irei falar sobre finanças pessoais, investimentos e mercados, pois não basta saber as regras do jogo, para se divertir, tem que se jogar.